Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mais recente, realizada em 2019 pelo IBGE, a taxa de incidência de casos de depressão em pessoas maiores de 18 anos, cresceu em 34% desde 2013. Esse número é ainda mais alarmante quando constatamos que a pesquisa foi aplicada antes do início da pandemia.
A depressão é uma doença de amplo espectro, ou seja, ela pode se expressar de diversas maneiras. Está associada ao transtorno bipolar, bem como ao quadro depressivo maior, que pode variar do leve ao severo. Por isso, é necessário um acompanhamento próximo e personalizado com cada paciente, visto que a combinação de tratamentos varia de pessoa para pessoa.
Para depressão , não se fala em cura, mas em remissão, que é quando a doença regride de forma a não prejudicar a vida de quem a desenvolveu.
Entretanto, novos estudos com a cetamina, além dos antidepressivos e psicoterapia, indicam uma nova esperança em direção à cura real da depressão. Entenda melhor sobre tudo isso e os tratamentos nesse artigo.
O que é depressão e quais seus tipos?
De modo geral, a depressão é um transtorno mental caracterizado pela sensação persistente de tristeza profunda, apatia e/ou perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas por um período de, no mínimo, duas semanas.
A depressão afeta diretamente a vida de quem a enfrenta, promovendo prejuízos nos relacionamentos, trabalho e rotina. Pode trazer alterações no sono, apetite e desencadear ou agravar outros problemas de saúde também.
Veja alguns dos tipos de depressão:
- Episódio Depressivo: pode ser intenso, mas costuma durar apenas alguns meses.
- Distimia: uma depressão mais leve, porém, persistente.
- Transtorno Depressivo Bipolar: alterna momentos de euforia (agitação e ansiedade intensas) e depressão profunda.
- Transtorno Depressivo Maior: o tipo mais grave e persistente.
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Quais são os sintomas de uma depressão?
Para um diagnóstico de depressão, é necessário que haja pelo menos cinco dos seguintes sintomas, sendo dois deles obrigatórios em qualquer caso – a apatia e a tristeza profunda. O quadro é considerado patológico quando eles persistem por mais de duas semanas:
- Apatia
- Perda de interesse por atividades que antes davam prazer
- Problemas de concentração e memória
- Sensação de falta de energia
- Baixa autoestima
- Sentimento de culpa
- Perda da libido
- Irritabilidade e ansiedade
- Pensamentos de morte ou suicídio
- Alterações no sono (insônia ou sonolência excessiva)
- Alterações para mais ou para menos no apetite
Cada tipo de depressão pode apresentar uma prevalência maior ou mais características de sintomas. Essas informações serão essenciais para indicar o melhor tratamento em cada caso, como veremos a seguir.
Quais são os tratamentos para a depressão?
Não existe um tratamento único para a depressão. Ele deve ser desenhado conforme o caso de cada pessoa, seu tipo de depressão e sua resistência aos tratamentos. O acompanhamento periódico com um psiquiatra também é indicado para verificar outros caminhos possíveis para ajudar o paciente.
Em alguns casos de episódios depressivos, fazer um acompanhamento apenas com psicoterapia pode ser suficiente para ajudar na recuperação do paciente. Em outros, talvez seja necessária a administração de medicamentos. Tudo vai depender da avaliação do profissional de saúde mental.
Os antidepressivos e a psicoterapia combinados são os tratamentos mais conhecidos para a maioria dos casos de depressão. Essa dupla ajuda muito o paciente, a começar pelo primeiro impulso através da ação química dos antidepressivos atuando diretamente no cérebro. Concomitantemente, a psicoterapia auxilia na prática com as mudanças de comportamento necessárias no dia a dia, para que o indivíduo consiga conviver com a doença e vencê-la.
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O tempo de tratamento medicamentoso ou de psicoterapia vai depender da resposta do paciente ao tratamento. O objetivo é que a pessoa com depressão, com o auxílio dessa combinação, consiga atingir a remissão da doença, sem depender, principalmente, de medicamentos no futuro.
O teste farmacogenético também pode ser um aliado no tratamento e na remissão da depressão, pois consegue aumentar a eficácia do tratamento com antidepressivos em até 50%. Isso é possível através de um estudo genético do paciente, cruzado com os principais antidepressivos disponíveis, que indicam qual o mais indicado para o tratamento.
Recentemente, o Brasil vem conhecendo a cetamina – um medicamento que era utilizado para outros fins e que tem se mostrado como um revolucionário tratamento contra a depressão. Algumas pessoas chegam até mesmo a falar na cura para a depressão através da cetamina, indicada para pacientes graves sem resposta aos outros tratamentos.
Mas o que é a cetamina?
A cetamina (ou ketamina) é um fármaco utilizado em hospitais desde 1962. É seguro e receitado no mundo todo, em procedimentos que necessitem de alto poder anestésico.
Uma série de estudos conduzidos nos últimos anos mostram a eficácia da cetamina para o tratamento da depressão resistente. Esse efeito se dá quando administrada em doses menores do que em seu uso original, sob supervisão médica e em sessões determinadas pelo psiquiatra em centros especializados.
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Quando a cetamina é indicada para o tratamento da depressão e como ela funciona?
A cetamina costuma ser indicada quando um paciente com depressão resistente, severa ou refratária já não responde mais aos tratamentos convencionais, nem à maioria dos medicamentos ou é intolerante a outros procedimentos. Ela é vista como uma esperança, tanto para o paciente, quanto para o médico, já que possui uma alta taxa de sucesso de cerca de 75%, dependendo da situação.
Pacientes em casos muito graves, que se encontram com ideação suicida ou em apatia e letargia por um longo tempo, também podem ser altamente beneficiados.
No entanto, também existem casos de sucesso em pacientes com depressão leve, quando a cetamina é receitada logo no início do tratamento, antes mesmo da indicação de outros medicamentos.
A grande diferença desse novo tratamento está na forma como a cetamina age no cérebro:
Um paciente que, como descrito acima, tem dificuldade para responder aos medicamentos e apresenta desequilíbrio emocional, da memória e de aprendizagem, provavelmente está com as suas áreas cerebrais responsáveis por essas funções altamente danificadas.
Diferente dos antidepressivos que atuam apenas no sistema nervoso, buscando a normalização do fluxo de neurotransmissores, a cetamina atua no glutamato, aumentando o número de sinapses através da reconstrução de circuitos cerebrais.
Em determinados casos, a melhora do paciente é praticamente instantânea, experimentando uma sensação completamente diferente logo após a primeira dose.
O tratamento com a cetamina para a depressão pode ser recomendado de 8 a 12 sessões, podendo diminuir drasticamente os efeitos da doença e fortalecendo a esperança na cura da depressão.
Toda depressão precisa ser tratada
A depressão pode surgir em qualquer pessoa, de qualquer realidade ou idade, e o seu tratamento precoce é a melhor forma de reduzir danos e sofrimento ao paciente. Ao perceber que algo não vai bem, procure ajuda profissional.